terça-feira, 2 de setembro de 2014

Carta para um destinatário ausente

0 comentários
Hoje enquanto eu voltava pra casa
um grupo de pivetinhos começou a tacar pedras no ônibus onde eu estava

Quebraram uma janela
ela virou um monte de pedacinhos de vidro
impossível de consertar

Me identifiquei naquilo

Sei que me comparar a coisas quebradas é algo clichê
pouco criativo
mas é a verdade

Tenho me identificado em muitas coisas

Uma pedra no chão ("me sinto sem vida como esta pedra")

Um assalto relatado no jornal ("esses ladrões roubaram o dinheiro como você me roubou pra si")

A mamãe passarinho dando comida na boca do filhote ("me sinto tão dependente quanto aquele filhote de passarinho")


e nessas mesmas coisas eu consigo lembrar de você e da nossa felicidade


Uma pedra no chão ("uma vez chutei uma pedra enquanto segurava sua mão")

Um assalto relatado no jornal ("quantas vezes eu já te disse que você roubou meu coração?")

A mamãe passarinho dando comida na boca do filhote ("nossas brincadeiras envolvendo as línguas que pareceriam nojentas pra outras pessoas")


Tudo isso é só pra dizer o quanto ainda sinto sua falta